Por ser intemporal, deus está dispensado das horas, as extras incluídas. Os mortais, esses, vivem sob o espectro da demora e do ritmo que, passando em contínuo, os afasta e aproxima de si. O tempo leva-os e, no mesmo trânsito, levam o tempo que depois já não será mas será ainda com eles. Este é o processo pelo qual somos. O horto espera por cada um de nós, espera-nos em apelo e destino, para cumprirmos as vésperas. Por impulso ou vocação, correspondemos-lhe, levando connosco a alfaia adequada para a cesura que iniciará o futuro. Futuro, o esquecimento que seremos, o esquecimento que haveremos sido.
fotografia © Tiago Gonçalves
legenda © Sérgio Faria
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