2006-04-28

FOTOLEGENDA - 21


A perfeição.
No momento. No instante. No instantâneo.
A cor. O branco de asas sobre o azul de mar.
O equilíbrio. O espaço. A tranquilidade agarrada no tempo.
A perfeição.
Porque ausente de humana perturbação? Não!
Foi o olhar. Foi a máquina com séculos de aperfeiçoamento que serviu a sensibilidade capaz de captar a perfeição.
No instantâneo, no instante, no momento.
Só que.
Só que o branco das asas se fecha no sobrevivente mergulho para a pesca do peixe.
Só que o azul tantas vezes perde a tranquila serenidade
e se agita e se revolve e se revolta
até ao desastre, à catástrofe, ao caos.
Só que a vida é como o mundo do poeta. Feita de mudança.

Porque a vida não é (apenas!) a perfeição do momento,
do instante, do instantâneo.
A perfeição é humana invenção na procura do que não é
e que queríamos que fosse.
E por isso é!

foto de Nuno Abreu

legenda de Sérgio Ribeiro

2 comentários:

Anónimo disse...

Quando tudo é desânimo e grande frustração!
Leio este poema, contemplo a foto, estão com tal perfeição, sorriu de satisfação!

Parabéns!

GR

Anónimo disse...

Mas que mar, Nuno!
É fenomenal a tua visão do real, onde a máquina aperfeiçoada é apenas um instrumento, que a outros, sem o teu engenho, de pouco serve.
E quando a essa capacidade de captar o momento através da imagem se juntam imagens linguísticas como as que Sérgio Ribeiro nos habituou a ler... Os sentidos despertam. Pena que o blog não nos ofereça o cheiro a maresia, que podemos, no entanto, imaginar.