2013-08-07

foto&legenda # 509 (lá num país cheio de cor)

No que ainda têm de nosso, os dias dão para quase tudo. Podemos discutir raças de cães ou de zombies, contar anedotas, cheirar frutos, o perfume solto pelo calor, conversar sobre os últimos episódios de boardwalk empire ou de game of thrones. Deixa os amores para lá, a estação está turva. Para que há défice e défice do défice? Agora é hora de construir uma jangada, descer o rio, deixar os poetas, os que escrevem em excel e os outros, irem ao fundo, todos. Todos, mesmo que todos não sejam todos, mesmo que todos sejam menos do que metade, bastante menos do que metade, todos. Lembro-me todos os dias de Jack Bauer, a falta que ele me faz, dos versos
and everybody knows that you live forever 
ah when you’ve done a line or two. Lembro-me do tempo em que as linhas pareciam linhas de comboio, traços brancos, riscos imperfeitos, e uma espécie de locomotiva os fazia desaparecer. A máquina galgava, trazendo certezas, conquistas, a primeira aspiração natural. O casino perdia, os bichos ganhavam. A vertigem não acontecia,  o sistema repetia-se, funcionava. Olha, pegadas no tecto, pá. Os da raça do Astérix temem o mesmo.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria