foto&legenda # 156 (a segunda de três inclinações)

Não consigo fugir, estorva-me um obstáculo, e deixou-se ficar, como se sentisse a necessidade de se confirmar naquele domínio, como se a cerca simultaneamente o aprisionasse ali e o protegesse do outro lado, o lado de fora. Temo que mais adiante, além, esteja o mar, criatura em solto. Aqui, onde me guardo, é a minha casa.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 155 (a primeira de três inclinações)

Olhou o friso diante de si e enunciou uma pergunta sem pretender resposta, onde é que está a cabeça de Cristo?

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 154

Mostra-se o corpo. Nenhum horóscopo faz a diferença. Sobre a mesa há uma carta, somente uma carta. Quem joga? Mostra-se o corpo, mostram-se os corpos. Mostram-se como imaginados. Como postos. E em sua guarda há, se houver, uma vitrina. Há. Aceitam-se apostas. Sobre a mesa há uma carta apenas, o azar ou a sorte. Aceitam-se apostas. Mostra-se o corpo. O corpo veste. O corpo investe. O corpo joga. O corpo paga. Sobre a mesa há uma carta apenas. O corpo paga para ver.

fotografia © Pedro Figueiredo
legenda © Sérgio Faria

FOTOLEGENDA-49

Foto (e porque não capa?) de

Manual para construção de um faccioso...

Foto de Nuno Abreu

Legenda de Sérgio Ribeiro

foto&legenda # 152

O caminho é longo,
a estrada é estreita
e o nevoeiro espreita
a cada passo-decisão que tomo.
A bruma adensa
a vontade de avançar
e o ímpeto de procurar
novas rotas decoradas de esperança.

O caminho está traçado,
a companhia escolhida
e as malas feitas em vida
com o nada de que necessito
do outro lado.

Os passos…
Os passos que dou sozinho
(enquanto outros pensam
que me conseguem acompanhar)
fincam meus pés neste caminho,
quando meu desejo-quimera preferido
é continuar a caminhar.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Carmen Zita Ferreira

FOTOLEGENDA-48

A sueca dos reformados... com mirone

ou

"quem está de fora racha lenha!"

foto de Nuno Abreu

legenda de Sérgio Ribeiro

foto&legenda # 150

Esta é a cinza da velha liberdade, da liberdade da culpa, do incenso, do poor lonesome cowboy. Antes havia tanta América nisto.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 149

Resistem até cair os corpos da milícia, pelo grão.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 148

Através dos indícios, vislumbra-se o que não se vê. A invisibilidade é um efeito nómada.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 147

A sensação de sermos divinos acontece-nos nas mãos, no modo como as preparamos para a tangência, para a posse, para o cuidado, no modo como tocamos as coisas e os alcances. Pelas mãos somos livres. Pelas mãos isentamo-nos de nós, prolongamo-nos. E na ponta das unhas, o nosso limite, começa a fuga, cresce o mundo. Além é o que é depois do verniz.

fotografia © Pedro Figueiredo
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 146

Voar é correr em invisível.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

FOTOLEGENDA - 47

A pedra, a enorme pedra e com aquela forma, não está ali por acaso.
É uma anta.
Ali, e como está, é um documento, é uma prova da incessante busca do Homem para perceber e dominar os acasos. Que se repetem nos dias sempre desiguais.

Como não é por acaso que dois amigos conversavam ao telefone e um deles disparou um clique de eternidade.

Foto de Nuno Abreu

Legenda de Sérgio Ribeiro

foto&legenda # 144

Há um sol inclemente lá fora. E aqui, no universo das inutilidades, não há sombra.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 143

Na cidade, o corpo é uma das matérias transitadas entre esperas, entre plataformas de destino.

fotografia © Pedro Figueiredo
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 142

Há muito tempo que vivo dentro de uma banda desenhada. Nunca tive o prazer de conhecer o Lucky Luke pessoalmente, mas é alguém que admiro. Ser capaz de disparar mais rápido do que a própria sombra é algo que impressiona. E eu sou impressionável. Mas aqui, entre tiras, há mais heróis. Conheço um que, com a máquina fotográfica, é como o Lucky Luke. Ele foge, a sua sombra é apanhada.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 141

Havia uma fotografia a preto e branco e azul. E havia um guerreiro que, ao contrário dos outros, quando se rendia, não cantava ai ai ai minha machadinha.

fotografia © Paulo Vaz Henriques
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 140

Nenhum caminho é destino, nenhum caminho é sem horizonte.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 139

Havia uma esfera invísivel, no modo o centro em todo o lugar e a circunferência em lugar nenhum. Atrás dessa esfera, oculto, havia um titereiro. Sob essa esfera, as pessoas estavam quietas, como se fossem elementos de um cenário. E o titereiro, ordenando as mãos, manipulava as habitações, levando-as às pessoas. A vantagem de um mundo assim reside no facto de as pessoas não se sentirem marionetas.

fotografia © Pedro Figueiredo
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 138

O chão, este, é o sintagma do apelo, a raiz e a pele a que se empresta o arado e a mão. Depois são os pés sobre ele, a pisar a semente, a caminhar e a descobrir o alcance do plano alto.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 137 (sinais, ii)

Começar um lugar é provavelmente uma empreitada demorada. Por isso, para que a espera não dure, antes dos costumes, é aconselhável proceder-se à marcação do espaço.

fotografia © Paulo Vaz Henriques
legenda © Sérgio Faria

foto&legenda # 136

Agosto diz-se ausência, baixa frequência, não se diz abandono.

fotografia © Simon Larbalestier
legenda © Sérgio Faria