Foi uma casa. O que resta nas suas ruínas é a dimensão do que foi e o lado de fora, onde começava e terminava a volta do sanatório. Conta-se que naquele lugar houve quem leu Der Zauberberg, na edição original, com o propósito de encontrar ali a mesma vibração que Castorp encontrou nos alpes suíços. Mas não se sabe se é verdadeiro o que é contado. Que ali também foram testemunhados espectros diáfanos e com formas desvanecidas, nem cronópios nem famas, testemunho que estorvava mais a respiração do que a tuberculose. Não se sabe. O que se sabe é que por ora, tão sonâmbula no seu abandono, a casa quase só abriga o fio remoto das doenças e dos recobros ou das mortes que aconteceram dentro de si. E que ali já ninguém testemunha outra coisa, sequer a casa que foi, excepto o tamanho que ainda reserva.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria
legenda © Sérgio Faria
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