Depois da revolução veio o cansaço, não a derrota. Veio o enunciado exigente da realidade. Veio o som das portas a fechar, do correr dos ferrolhos, das fechaduras a trancarem. As noites tornaram-se iguais ao que eram antes. A última oração já a escrevemos na parede. A parede é a última janela. Foi o modo de render testemunho do que nunca vimos ou ouvimos. Já não há heróis. Então decidimos criar outros. E soltá-los da imaginação e do futuro que já não acontecia. Cansados, nós ficámos, continuámos a ficar. E a essa continuação chamámos vida.
fotografia © João R. Santos
legenda © Sérgio Faria
legenda © Sérgio Faria
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