Sou do equinócio outonal, da falência de setembro e depois, quando o tempo torna áspero. O verão é uma demora que sofro, não sou seu resort. Imagino o centeio quebrado, as sombras a nascerem nas searas e nas casas caiadas de branco. Sinto o calor a apertar-me a respiração, a quietar-me. Talvez seja sob a luz do estio que mais revelo a fuga em que me consumo. No verão recuo até recolher-me dentro de mim, onde descubro começarem as vertigens. À noite é diferente, mas as noites de verão não são autênticas. Durante o verão não se diz acentuado arrefecimento nocturno, o regime é distinto. Os cheiros são mais soltos, vagam devagar, como se perpetuassem o tempo, produzindo um efeito semelhante ao cigarro com que me acompanho. Não sei, é estranho. O verão faz-me andar lentamente e voltar para trás, para o abrigo telúrico das tardes. O que faço?, espero o outono, o meu ofício. Espero-o sozinha, para a insídia ser perfeita, a continuação.
3 comentários:
grande legenda! não há muito a dizer, é Agosto e sabe bem ler textos da ElizB . ah, e grande foto também... ;) é destas que eu gosto... meninas novas, melancólicas a tratarem mal os pulmões.
Não será que, com isso tudo, o que ela tem, tão nostálgica dentro do verão do seu descontentamento é companhia a menos e cigarro e roupa mais? Não será?
Isto pergunto eu...
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