Por circunstâncias de então, outros tempos, aconteceu naquele lugar o êxodo do que era lucífero. A escuridão, instituição para além da noite, instalou-se ali como casa e, consequência, dentro dela, quase todos começaram a sentir-se toupeira, desenvolvendo os sentidos para além da visão. Embora também encerrado naquela espécie de câmara, no entanto, alguém resistiu, iluminado pelo gume de um feixe de luz ténue que ali ainda entrava. Numa das paredes, a giz, escreveu a sentença, a maior prisão é a que nos priva da luz e nos lança contra nós, entregando-nos ao fantasma que somos. Noutra das paredes, a cinzel, para que não fosse elidível, talhou a esperança, sei que é nas trevas que as raízes vingam, mas um dia hei-de ser capaz de escrever a luz, exactamente, o seu tom preciso, hei-de ser falcão.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria
legenda © Sérgio Faria
7 comentários:
o meu parceiro - que me faz o favor de ser mais do que isso e não se chama Deolinda -, nha, nha, nha, nha, nham, nhanha, é autor de putas fotografias. o que eu, tipo cão a abanar a cauda, gosto de escrever isto. bem, uma ou duas destas palavras até seriam dispensáveis. mas o que eu quero mesmo, puta Nuno!, é semear inveja e partilhá-la.
Inveja semeada, partilhada a colheita.
G'andas gajos estes dois!
Quando uma foto causa arrepio, quando um texto plantado ao seu lado consegue aliviar o arrepio e ao mesmo tempo causar o incómodo do Homem sem luz, só resta...
Dar-vos os meus Parabéns!
Boa foto!!!
Ver a imagem da vida pelo negativo; ver o contrário da luz e descobrir o seu detalhe; ver do preto o branco e do branco o preto... faz-nos quebrar as arestas rectílineas da nossa teimosia para das sombras renascerem novas curvas tolerantes de luz que avivam o que somos ou projectamos ser.
É bom ver tantas curvas renascidas por aqui!
Parabéns.
E como é bom ler comentários destes!
UM POUCO AO CONTRÁRIO
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