2010-04-13

foto&legenda # 462 (l’anatra all’arancia)

Uma personagem secundária, chefinho, chefinho, tão novinho, ainda com o cabelinho todo e tudo, e agora?, como é que é?, como é que vai ser? O protagonista, ora, vai ser como nunca foi antes. Esta é de fazer suar as estopinhas e eu sei muito bem o que isso é porque sou barítono. Portanto, meu bom amigo e amigo da paz, do pão, do povo e da liberdade, é como tem de e que ser. Há-de e há que começar pelos fundamentos, pelo princípio. E o princípio é o que é necessário. E perguntas tu, meu bom amigo, com ar de babalu, porquê rever a constituição?, se. Deixa-te de ses porque os ses só servem para complicar e porque para pensar estou cá eu e o coro de especialistas e poetas que me acompanha. Deve começar-se por rever a constituição porque, estás a ver?, rever a constituição é a forma de fingir que se está empenhado em mudar muito sem, de facto, fazer muito para mudar o que quer que seja. Para além disto, importa notar, (está calor aqui, um calor de ananazes, é um indício meteorológico do que já está a mudar), tal como preconizo, neste princípio há uma economia de procedimentos e uma prática de entretenimento. Aliás a paródia é o que vem a seguir à paz, ao pão, ao povo e à liberdade. Mais ao fundo, fora do alcance da melena do protagonista, uma mulher gritava, ó Geppetto, pá, tu faz-me um filho assim, bom actor e com cara de pau. Parecia ópera mas não era. Não havia pato no assador. E, mais grave, as laranjas não eram só do pafarrão. A história repete-se ou há-de repetir-se.
fotografia © Paulo Vaz Henriques
legenda © Sérgio Faria

2010-04-02

foto&legenda # 461 (disse ela)

Na verdade, não há homens bons, não há homens melhores, disse ela, com a razão toda, até porque não há razão por meio ou por terço ou por quarto ou por outra fracção qualquer. Mas a questão não é a razão, tão pouco é a verdade, é a canção. Todas as canções são mentirosas, do bandido, daí a necessidade de as ensaiar, para o engano ser como nenhum homem é ou pode ser, melhor. O mesmo em relação às mulheres. E àquela coisa - exactamente, coisa - chamada comissão disciplinar da lpfp, éfepê de filhos da puta.
fotografia © Paulo Vaz Henriques
legenda © Sérgio Faria