2017-11-02

foto&legenda # 538 (senhor novembro)


Chego a julgar ser verdade o que só pode ser verdade. E depois do fascínio, o tédio, um certo deslumbramento cingido à tononímia distante, Santo Ildefonso, São Teotónio, São Lázaro, São Bento da Porta Aberta, Santo André, não sei explicar porquê. Ninguém é capaz de olhar para dentro de mim. Ninguém quer. Está escuro. No sábado à noite ouvi o Matt a cantar que o sistema sonha só na escuridão absoluta. A canção é assim. Mesmo que quisesse não poderia dizer-te que há tanto tempo que não me sentia tão feliz. Não era eu, era só eu. Desculpa. Permaneço preso num verbo intransitivo que exige o teu nome. O caso é mais do que gramatical. Sabes?, eu não sou capaz de gritar I won’t fuck us over como ele e estimo, muito, que as cheerleaders se fodam. São Martinho do Bispo, São Martinho do Porto, São Julião da Barra, São Brás de Alportel, São Gregório, São Mamede de Infesta, São Jorge, Santo Tirso. Santo Antão, portas de, já disse? Está escuro. Sábado à noite arrefeceu, tornou-se outro lugar de Pavese. Fica assinalado. É quase tudo tão longe. As estátuas são sentinelas. Quem passa, passa para o outro lado.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

2017-06-20

foto&legenda # 537 (locus amœnus)


Sempre o inusitado. Apesar disso, cá, deus continua a conseguir guardar-se em verso, «tudo é ainda este país perdido, esta terra de restos de palavras», contra o turno do que a tudo traz algum fim. Enquanto demora o lugar, demora o motivo que permite evitar a locução etiam periere ruinæ. Espera-se.*

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria
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* o verso «tudo é ainda este país perdido, esta terra de restos de palavras» é parte de um poema da autoria de João Miguel Fernandes Jorge (“Fachada colonial portuguesa de azulejos”, in Invisíveis Correntes, Lisboa, Relógio d’Água Editores, 2004, p. 58).

2017-03-09

foto&legenda # 535 (marcelfie)


Onde está «o Marcelo»?

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria