2007-08-22

foto&legenda # 342 (ardente)

Talvez o solstício conte mais do que julgamos. Ouvi dizer que os trópicos jogam com ele o que nos aquece. Às vezes o resultado desse jogo chega demasiado perto de nós e dos nossos. Dizem que é o inferno. Sabes?, julgo que não é. Ouvi dizer que o inferno não é uma estação, é o destino. E que o destino somos nós que o fazemos. Mas não tenho certeza sobre o assunto. Umas vezes julgo que sim, outras vezes julgo que não. Sei lá. O que sei é que, além de na forja, no fogão e na candeia, é no inverno, quando me toca o frio, que domino o fogo. Á, é verdade, esqueci-me disto. Tenho um pavio aos santos que arde todo o dia todos os dias no azeite da minha labuta. O meu pão sai do trigo que lanço ao chão. E, agora, desde que o António da Hortense ficou mal das mãos - maleita de um raio que lhe deu, já foi não sei quantas vezes ao hospital, andou para lá a caminhar tempos sem conta e nada, coitado -, sou eu que lanço o fogo aquando a romaria e as procissões. É isto o que havemos de levar deste mundo. Ou deixar cá. Sei lá.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

1 comentário:

PG disse...

Coitado do Toino da Hortense. A espandilose não perdoa.