2007-12-14

foto&legenda # 381 (suite de metais, ii)

Como uma febre, os sons repetem-se de modo sincopado, preenchendo o vazio entre os corpos. Se tivesse que classificar o caso, arriscaria ostinato. Em intervalos regulares, o sopro produz o mesmo corte áspero no silêncio, encontrando uma harmonia estranha e o ritmo que ela consente. Ainda faltam muitos degraus para atingir o patamar de Davis, mas, sente-se, tentando-se o sopro, acrescenta-se um espaço novo sobre o espaço, comprimindo a dimensão que os separa. No momento certo, cumprindo a cadência, o sopro produz simultaneamente o rasgo e a união. Os corpos sentem isso e embalam. É porque dançam.

fotografia © Pedro Gonçalves
legenda © Sérgio Faria

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