2009-09-06

foto&legenda # 443 (gore de Gorey)

Só é uma palavra que lembra poemas de dolência moderna e filmes de terror. Só e sós, no plural da rendenção. É por isso que, para se sobreviver à sobreimaginação, é necessário não ver teelvisão em demasia. Operacionalizadas pela tecnologia, as improbabilidades acontecem cada vez mais conforme a confiança, facto que, pela rotina dos acontimentos e das hipóteses, tende a comprimir o imaginário. A esperança diminui, a certeza aumenta. Quando não sucede assim, há sempre alguém que chama um técnico para reparar o que está avariado, que aposta nos totos da santa casa da misericórida ou que investe em orações. Mas é ainda a realidade que nos obriga a imaginar a lâmina necessária para se chegar ao sangue, para se conquistar a refeição. Pois há criação que, sob a vontade nossa e a força que exercemos, dá o corpo por nós, sem precisar de passar pelo ritual da transubstanciação. Basta a morte e o amanho da carne. A fome faz o resto. Não há carne sem dor.
fotografia © Tiago Gonçalves
legenda © Sérgio Faria

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