2010-11-18

foto&legenda # 474 (quatro por cinco)

De quatro não estão mais uns do que outros. Há apenas alguns que não querem saber e sentem-se mais de pé. Mais do que por ilusão, por necessidade. Que é para sentirem a anestesia que acompanha a queda. Já estão a cair, continuam, falta apenas a prova de contacto para dispensar a euforia e soltar a sensação da elevação perdida. Então perceber-se-á melhor a precipitação. Foi para o chão, os ossos assinalarão o impacto. Fora de jogo?, não há. A vida não é uma fábula em que há disso ou relvado para amortecer o choque. Pode fingir-se, cantar-se por cinco quinas, permitir o contentamento por conta de um quatro indefinido como se fosse um póquer de ases, havendo ainda um ás na manga, de reserva, que não foi necessário usar. Quatro, está bem. É o estilo que combina a quarta classe com a quinta dimensão, não dói. O royal flush vem já a seguir. É a esperança de quem não sabe interpretar a mecânica da combinação da taxa de juro com o spread. Fodidos, ó ié, mas por cima. Excepto das condições e das circunstâncias que chegaram há muito tempo, que não esperaram pelo prémio prometido. Mas quatro, não esquecer, quatro. Um sinal. À cautela, amanhã marcar também o número e a estrela no boletim, acrescentar uma aposta, se for necessário. Se deus quiser.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

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