2012-09-18

foto&legenda # 495 (os dias do intervalo)

A cidade é um lugar grande. Em inteiro ou em parte, somos nela os dias todos, condenação de que não há remissão, liberdade de que não há soltura. Alguém pode afastar-se, ir ou voltar à serra, porém a cidade vai também, se é que não está já lá. É um caso de compreensão indiferente à vontade de quem compreende. A cidade está onde estamos, está connosco, compreende-nos do mesmo modo que a compreendemos. Mais do que um sentimento - que é -, é uma condição. Estamos a aprender a viver com ela, a conhecermo-nos melhor, no combate contra os espectros e a realidade que os espectros revelam. Precisamos de conversar, precisamos de estar. A estação não está para piqueniques. E não é só porque o futuro já não é o que era. Nunca foi. Facto que estamos a começar a saber com mais certeza para não repetir o engano de confiar sem acertar as contas, de modo a que, no fim e depois, as contas batam certo ou pelo menos o erro seja detectado quanto antes e o menor possível. Precisamos de estar para isso, aritmética e política. Citando um clássico, o desgoverno não é órgão de soberania.

fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

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