2006-07-13

foto&legenda # 121

Há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta. Há já tanto tempo que não espreitamos atrás dessa porta porque julgamos saber o que está lá. Há já tanto tempo, tanto tempo, sequer nos atrevemos a abrir essa porta. Há já tanto tempo. Uma porta. Basta abrir a porta e o outro lado que ela guarda. É uma porta, apenas uma porta. Basta abri-la. Basta fechá-la. Basta que não esqueçamos que é uma porta. A fechadura e a chave são um pormenor. A porta. O que é relevante é a porta. Abre. Fecha. Abre e fecha. Nenhum segredo. Aliás, a porta foi inventada antes da roda. O que é significativo. Era maior a necessidade de abrir e fechar os lugares do que rolar. Mas há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta. Há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta verde com um puxador vermelho em forma de coração invertido. Uma porta. Um coração. Há já tanto tempo. Nenhum segredo. Será amnésia? É que é apenas uma porta. Uma porta. Abre. Fecha. É um dispositivo simples. Um painel, um eixo, um quadro. Abre e fecha. Uma porta. Um coração. Um puxador. Um coração. Há já tanto tempo que. Há já tanto tempo que esquecemos. Há já tanto tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

4 comentários:

Anónimo disse...

Escancaremos então todas as portas, sem medo, neste momento especial

Anónimo disse...

Por vezes é necessário abrir portas, há tanto tempo fechadas!
Alguma vez se abriram???
Há portas pesadas! Outras pensamos que são penosas, afinal são levezinhas!
Há sempre alguém que siga, lado a lado, quem tem que abrir essa porta!
Uns para mostrar um gesto solidário, outros ainda um gesto de amizade e há quem acompanhe e ajude com toda a coragem o abrir a porta por amor, afecto, muita cumplicidade!
O que se viu quando abriram a porta?
Muito Sol, alegria e a esperança que amanhã é outro dia!

Para a Maria José,
Um forte beijinho.

GR

Anónimo disse...

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Sérgio Ribeiro disse...

Hoje, 10 de Setembro, leio este post e o comentário da Zé. E enxugo uma lágrima que se atreve. É que 13 de Julho foi a véspera, uma véspera. E SEI que a porta de que escrevia o Sérgio tinha a ver comigo, e SEI que o comentário da Zé também tinha lágrimas, emoção, esperança. Naquele momento especial.

E aqui estou!, passada esta porta, frente às que vierem. Com uma enorme gratidão,