2007-06-01

foto&legenda # 305 (identidade)

Preciso de uma certa certeza, quem és tu?, para efeitos de preenchimento deste impresso. Não são admitidas declarações falsas. She’s got an old death kit. Os dados têm que ser precisos. Compete-me velar pela sua autenticidade. She’s been meaning to use blood in her eyes in her eyes for you. A autenticidade e a veracidade acima de tudo. Diz-me, quem és?, o que fazes?, como o fazes?, quando o fazes?, porquê o fazes? Compreendes estas perguntas? São rotina administrativa. She’s got blood in her eyes for you certain fads, stripes and plaids singles ads. Insistes em nada declarar?, porquê?, queres enganar-me?, para tentares enganar também a máquina grande. Se assim é, não posso emitir a certidão requerida. Não sei quem és. Perante o teu silêncio, nada é possível atestar sobre ti. Ver o teu sangue, conhecê-lo, mesmo aqui, neste guichet, não é suficiente para provar a tua existência. Podes ser outra pessoa qualquer. Até podes não existir. E, por imperativo de serviço, eu tenho que ser rigoroso. *
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

* a legenda é interceptada por versos da canção «Fake Palindromes», composta por Andrew Bird e incluída no álbum Andrew Bird & the Mysterious Production of Eggs (Righteous Babe Records, 2005).

Sem comentários: