2007-08-31

foto&legenda # 344 (estilo de vida)

Talvez um demónio doméstico, talvez um fantasma só seu. Não se sabe. O que é sabido é que, de um momento para outro, deixou de falar sobre a doença que o afligia. Suportou a dor, como um estóico, dor de corpo inteiro. Não se sabe porquê. Foi levantado padecente. Foi baixado e carregado padecido. Agora, que há memória e indústria disso, é tudo diferente. Erguem réplicas de aço com têmpera para resistir aos elementos, utilizam gruas na manobra, e deixam o seu sofrimento exposto para sempre. Não há redenção, nunca houve. Continuamos com os erros, os mesmos, os de cada dia, os nossos, à vista. É mais fácil assim. Já não há tempo para carregar sobras, assim como não há oportunidade para devoluções. O que fica é para ficar. Olha-se a montra, ajuda a luz que incide. Joga-se com os reflexos. Depois segue-se.
fotografia © Nuno Abreu
legenda © Sérgio Faria

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