Há sempre um lugar superior para onde os sinais convidam ou empurram.
fotografia © Pedro Figueiredo
legenda © Sérgio Faria
legenda © Sérgio Faria
A fibra óptica e as respectivas ligações é a matéria do ofício do Chico Conde. Mas ele é mais do que isso, condestável. Para que conste nos anais, já compôs um tema de rock de intervenção, denunciando a ditadura salazarenta. E é meteorologista naïf. Faz registos regulares de observações de fenómenos atmosféricos e de outros sinais que a natureza presta. E por eles atreve-se a estimar cenários. Amanhã, o tempo... Às vezes esquece-se. Outras vezes não acerta a meteorologia do dia seguinte. Mas continua a espantar-se com a regularidade das coisas.
Há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta. Há já tanto tempo que não espreitamos atrás dessa porta porque julgamos saber o que está lá. Há já tanto tempo, tanto tempo, sequer nos atrevemos a abrir essa porta. Há já tanto tempo. Uma porta. Basta abrir a porta e o outro lado que ela guarda. É uma porta, apenas uma porta. Basta abri-la. Basta fechá-la. Basta que não esqueçamos que é uma porta. A fechadura e a chave são um pormenor. A porta. O que é relevante é a porta. Abre. Fecha. Abre e fecha. Nenhum segredo. Aliás, a porta foi inventada antes da roda. O que é significativo. Era maior a necessidade de abrir e fechar os lugares do que rolar. Mas há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta. Há já tanto tempo que esquecemos que a esperança é uma porta verde com um puxador vermelho em forma de coração invertido. Uma porta. Um coração. Há já tanto tempo. Nenhum segredo. Será amnésia? É que é apenas uma porta. Uma porta. Abre. Fecha. É um dispositivo simples. Um painel, um eixo, um quadro. Abre e fecha. Uma porta. Um coração. Um puxador. Um coração. Há já tanto tempo que. Há já tanto tempo que esquecemos. Há já tanto tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo.
legenda © Sérgio Faria
Cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso.
Não ficará na História, não dará nome a ruas e a escolas, mas faz parte das nossas vidas. Dele há estórias aos molhos – melhor: aos litros! –, tantas que encheriam blogs – e almudes ou tonéis –, e dele temos a imagem simpática (por vezes feia…) de um vizinho que se perdeu na vida, ou que encontrou um modo de viver a vida que é muito seu, e que connosco convive, vizinhamente.